A oração na vida cristã é alimento do qual não se pode descuidar. Nesta Quaresma abeiremo-nos cada vez mais da oração, pessoal e comunitária. Procuremos tempo para a oração pessoal, tomemos a Palavra de Deus nas mãos ou, simplesmente, olhemos para o Senhor no Sacrário, Ele estará olhando para nós.
Ao tomarmos consciência da nossa vida cristã, é impossível não nos darmos conta da necessidade natural da oração. No tempo da quaresma somos convidados a renovar e reforçar nossa vida de oração porque a oração é para a alma como o ar para os pulmões e sobre a qual assenta a sobrevivência humana. O Catecismo da Igreja Católica declara, no nº 2558 que, depois de ter deixado penetrar a fé em nossos corações e nos termos proposto conduzir a nossa vida segundo a proposta de vida de Jesus Cristo,pede aos fiéis que vivam “numa relação viva e pessoal com o Deus vivo e verdadeiro. E esta relação é a oração”.
Segundo S. João de Damasceno, a oração: “é a elevação da alma para Deus ou o pedido feito a Deus de bens convenientes”. O Papa Francisco completa esse pensamento, ao afirmar que “a oração, [é] expressão de abertura e de confiança no Senhor: é o encontro pessoal com Ele, que abrevia as distâncias criadas pelo pecado. Rezar significa dizer: ‘Não sou autossuficiente, tenho necessidade de ti, Tu és a minha vida e a minha salvação’” (Homilia, 10.02.2016).
Essa “elevação da alma” é um gesto de reconhecimento de Alguém que sabemos ser maior do que nós! Isso significa reconhecer nossa pequenez e fragilidade, entendendo-nos necessitados. Desse modo, a oração nos auxilia a crescer na humildade, que não é sem alegria, mas é “a humildade [como] a disposição necessária para receber gratuitamente o dom da oração: o homem é um mendigo de Deus”, retomando um pensamento de Santo Agostinho. Em verdade, “chamamos de ‘oração’ a essa forma de rezar que consiste em pôr-se na presença de Deus durante um tempo mais ou menos longo, em solidão e em silêncio, com o desejo de entrar em íntima comunhão de amor com Ele”.
Temos que programar alguns hábitos para uma boa vida de oração
O primeiro é a DISPOSIÇÃO INTERIOR. Aliás, “seria perfeitamente ilusório pretender progredir na oração se toda a nossa vida não fosse marcada por um desejo profundo e sincero de nos darmos totalmente a Deus, de moldar o mais possível a nossa vida à vontade divina”.
Outro ponto necessário: a PERSEVERANÇA; pois, uma vez que “a oração cristã é uma relação de aliança entre Deus e o homem em Cristo”. Não nascemos sabendo rezar, S. Paulo é firme nessa afirmação: “não sabemos orar como convém” (Rm 8,26). Então, antes de pretendermos uma oração plena, ou que nos satisfaça, tenhamos em conta que “a qualidade [da oração] será fruto da fidelidade”.
Outros dois pontos para nos ajudarem na busca de uma vida de oração autêntica são a intenção da nossa oração e a saída ao encontro dos irmãos. A RETA INTENÇÃO significa o querer viver somente para Deus: “Assim já não sou eu quem vive, mas Cristo é quem vive em mim”. Concluímos que “devemos fazer oração não pelas satisfações pessoais ou benefícios que nos possa trazer (…), mas principalmente para agradar a Deus, porque Ele no-lo pede”.
A oração realizada com disposição interior, perseverança e reta intenção, sem dúvida NOS CONDUZIRÁ AOS IRMÃOS, pois ela produz frutos, e “não devemos orientar o pensamento para Deus apenas quando nos aplicamos à oração [mental]; também no meio das mais variadas tarefas – como o cuidado dos pobres, as obras úteis de misericórdia ou quaisquer outros serviços do próximo – é preciso conservar sempre vivos o desejo e a lembrança de Deus”.
A oração na vida cristã é alimento do qual não se pode descuidar. Nesta Quaresma abeiremo-nos cada vez mais da oração, pessoal e comunitária.. A escola da oração é a escola da vida, e a escola da vida é o lugar onde fazemos escola de oração”.